Tema 4 - Conflito e intervenção na escola

Neste tema foi solicitado um trabalho em três fases:
1ª fase - Estudo individual dos princípios básicos para a intervenção no conflito
       Estudo individual do conceito de bullying e suas implicações nas dinâmicas    relacionais na escola e em contextos de trabalho
2ª faseTrabalho de grupo em grupos de cinco elementos com vista à elaboração de um documento visando :
- a caraterização, do ponto de vista teórico, do conflito na Escola e o bullying;
- a caraterização de uma das propostas de intervenção no conflito apresentadas na obra de E. Costa e P. Matos;
- a análise de uma situação de conflito ou um caso de bullying concreto, à luz da proposta sugerida, dando particular ênfase a um dos seguintes componentes: família, professores, alunos, pessoal não - docente, grupos de pares.
- o realce das diferentes intencionalidades dos actores envolvidos na intervenção da situação de conflito proposta;
- a distinção entre o discurso opiniático produzido em alguns media, (em particular, na Internet) e a abordagem científica desta problemática.
3ª fase - Apresentação, em fórum, dos casos e das propostas de intervenção sugeridas por cada um dos grupos e discussão alargada dos trabalhos apresentados.
As tarefas relativas a este tema desenrolaram-se entre 9 e 28 de Maio.

Recursos disponibilizados
http://www.youtube.com/watch?v=k9oprWYOKhs - Professora agredida por aluna do 9º ano

Notícia- Docentes também são vítimas de bullying (JN-21.03.2008)
Bibliografia

Costa, E.; Matos, P. (2007). Abordagem sistémica do conflito. Lisboa: Universidade Aberta.pp.75-120.

Urra, J. (2007). O pequeno ditador. Da criança mimada ao adolescente agressivo (2ª
Outros recursos (Pesquisa pessoal)

O que bullying?
Bullying é um comportamento consciente, intencional, deliberado, hostil e repetido, de uma ou mais pessoas, cuja intenção é ferir outros. Bullying pode assumir várias formas e pode incluir diferentes comportamentos, tais como:
- Violência e ataques físicos
- Gozações verbais, apelidos e insultos
- Ameaças e intimidações
- Extorsão ou roubo de dinheiro e pertences
- Exclusão do grupo de colegas
Bullying é uma afirmação de poder através de agressão. Suas formas mudam com a idade: bullying escolar, assédio sexual, ataques de gangue, violência no namoro, violência conjugal, abuso infantil, assédio no local de trabalho e abuso de idosos (Pepler e Craig, 1997).

Bullying não está relacionado a raiva. Não é um conflito a ser resolvido, tem a ver com desprezo – um forte sentimento de desgostar de alguém considerado como sem valor, inferior ou não merecedor de respeito. Este desprezo vem acompanhado por três aparentes vantagens psicológicas que permitem que se machuque os outros sem sentir empatia, compaixão ou vergonha: -um sentimento de poder, de que se tem o direito de ferir ou controlar outros; uma intolerância à diferença; e uma liberdade de excluir, barrar, isolar e segregar outros” (Barbara Coloroso, `The bully, the bullied and the bystander`)
Mitos e fatos sobre o bullying
Mito: “Bullying é apenas uma fase, uma parte normal da vida. Eu passei por isto e meus filhos vão passar também.
Fato: Bullying não é um comportamento nem `normal` nem socialmente aceitável. Na verdade, se aceitarmos este comportamento estaremos dando poder aos bullies.
Mito: “Se eu contar pra alguém, só vai piorar.’
Fato:  As pesquisas mostram que o bullying pára quando adultos com autoridade e os colegas se envolvem.
Mito: “Reaja e devolva as ofensas ou pancadas.”
Fato: Embora haja algumas vezes em que as pessoas podem ser forçadas a se defender, bater de volta geralmente piora o bullying e aumenta o risco de sério dano físico.
Mito: “Bullying é um problema escolar, os professores é que devem tratar disto.”
Fato:  Bullying é um problema social mais amplo e que ocorre com frequência fora das escolas, na rua, nos shoppings, na piscina, nos treinamentos esportivos e no local de trabalho dos adultos.
Mito:  “As pessoas já nascem bullies.”
Fato:  Bullying é um comportamento aprendido e comportamentos podem ser mudados.


Caso de bullying escolhido pelo grupo para a  nálise

O agredido:



O agressor:

O discurso opiniático produzido em alguns media, (em particular, na internet) e a abordagem científica desta problemática, a propósito do caso de bullying escolhido
Da análise dos vários documentos publicados pela comunicação social, em particular pela internet, podemos constatar, numa primeira análise, que a violência em meio escolar, apesar de não ser recente, tem ganho uma cada vez maior visibilidade, proporcional ao acesso dos estudantes a meios tecnológicos de registo de imagens, designadamente através das câmaras dos telemóveis. Por sua vez, a divulgação das imagens na internet proporcionou que imagens de extrema violência fossem visionadas por milhares de pessoas, o que, por sua vez, também interessa a uma comunicação social preocupada em manter audiências, através do sensacionalismo e da exploração de temas socialmente sensíveis e perturbadores.
            Nunca como agora os fenómenos sociais deixaram de estar encerrados entre paredes para ser do domínio público, sujeito ao juízo social e até mesmo à “diabolização” das famílias, conforme palavras da mãe do agressor. Nesta matéria, a comunicação social divulga as imagens, explora os sentimentos das partes directamente envolvidas, sem, contudo, se verificar uma preocupação em compreender o fenómeno numa perspectiva construtiva e globalizante. Deste modo, nos vídeos em apreço explora-se a imagem da agressão, sem referir o contexto em que a mesma ocorre, ou seja, não se ouviu o responsável pela escola, não se fez referência a medidas de prevenção ou de remediação perante o ocorrido, bem como a relevância que se atribuiu ao acto de revidar poderá contribuir para a perpetração de uma mensagem de violência, ainda que defensiva. Com efeito, a vítima de bullying que, por sua vez, passou também a agressor, foi considerada por muitos adolescentes como “herói”, o que em nada contribui para a passagem de uma mensagem de anti-violência.
            Não obstante a importância dos órgãos de comunicação social na denúncia de problemas sociais, nunca será de olvidar a sua responsabilidade social na promoção de valores e na formação para a cidadania, factores que ainda se afiguram distantes das suas estratégias de informação.
            Tais formas de abordar os conflitos em muito diferem da abordagem científica que compreende o fenómeno na sua globalidade, mais interessada em analisar os fenómenos, em escrutinar as causas, em atender a todos os agentes envolvidos e em analisar os contextos de ocorrência.
                                                               Elisabete Esteves, no âmbito do trabalho de grupo – Equipa B

Nota reflexiva a propósito deste caso de bullying
O agressor  (que é mais jovem do que a vítima ) diz duas coisas nas quais não podemos deixar de reparar:
- que também ele foi vítima de bullying;
- que o outro o atacou primeiro,  o mais provável é não ser verdade dado o depoimento da vítima, mas verdade será talvez tb ele já ter sido atacado  por outros e ter-se vingado em alguém que nunca se defendia (até àquele dia);
Verificamos que em ambas as famílias os pais se sentem incomodados com a situação: o pai da vítima porque não imaginava o seu sofrimento, do lado do agressor, os pais que não imaginavam que ele pudesse ter feito aquilo e defendem que o vídeo não mostrou tudo e que o seu filho também foi vítima  de bullying.
Aqui um aspecto que se pode levantar é:
- Será que se estes pais, dos dois jovens, tivessem dado mais atenção aos seus filhos, estando mais atentos a sinais, comportamentos, estabelecendo diálogo com eles, estando mais presentes na escola, procurando saber através dos professores repetivos algo mais do que lhes terá sido dado a saber, não teriam podido evitar a situação de ambos os lados?...
 Outro aspecto:
- Como é que na escola ninguém reparou, nem num nem noutro dos jovens?... Terá certamente havido sinais indiciadores...
professores?...auxliares?...porteiros?...outros?....
( o caso não se passa em Portugal MAS e nas nossas escolas?...Alguém dá?...)
Talvez tudo parta da acção dos adultos: mais esclarecimento, mais atenção, mais diálogo, talvez possam evitar uma parte significativa do bullying nas escolas.

Bullying não é brincadeira.
Na algazarra dos recreios da escola, há crianças que sofrem em silêncio pelos maus-tratos perpetrados pelos colegas. As vítimas de bullying - um fenómeno que tem ganho algum protagonismo em Portugal - raramente oferecem resistência. E, perante os abusos infligidos, apenas respondem calados, com medo de retaliação.
                                              -  João Loureiro  -