Neste tema foi proposto o estudo do Interaccionismo Simbólico e da Escola de Palo Alto, duas escolas importantes para o estudo das relações interpessoais. Foi-nos solicitado a leitura de documentos e o preenchimento de um quadro síntese dos princípios vinculados a cada uma das duas escolas, fundamentais para o estudo das relações interpessoais. Foi ainda solicitado que estes princípios fossem devidamente justificados e suportados por exemplo da prática profissional.
As tarefas relativas a este tema decorreram entre 4 e 9 de abril
Recursos disponibilizados
Griffin, E. (2006).A first Look at Communication Theory. McGraw-Hill (6ª ed.) http://www.afirstlook.com/main.cfm
Outros recursos
Costa, E.; matos, P. (2007). Abordagem sistémica do conflito.Lisboa: UAb
Pesquisa pessoal
http://www.bocc.ubi.pt/pag/serra-paulo-comunicacao-utopia.pdf
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R0644-1.pdf
Mead, George H. Mind, self and Society. In Coser, L. A. , Rosenberg, B. (1989), Sociological theory: a book of readings. New York: Macmillam
Winkin,Y. (1996).La universidad invisible, in Winkin, Y. (org) ,La nueva comunicacion.Madrid: Kairós
Quadro Síntese | Princípios Básicos | Exemplos |
INTERACCIONISMO SIMBÓLICO | - O indivíduo é um ser que interage com os outros em sociedade, em grupo e consigo próprio. Nessa interação influem o seu papel e significado no meio em que se insere; - A aprendizagem acontece partido dos significados interpretativos da relação com os outros; - A carga simbólica, a par da linguagem, sustenta as interações entre os indivíduos; - Princípios fundamentais: pensamento, linguagem e símbolos; - Recusa de modelos acabados e estáticos | - A pedagogia centrada no aluno, por exemplo. Todas as situações pedagócicas , nas quais o professor parte dos conhecimentos prévios, das experiências vividas ou de outros elementos inerentes aos aprendentes para, a partir delas, e da interações estabelecidas em contexto de sala de aula, fazer chegar a novas aprendizagens. |
ESCOLA DE PALO ALTO | - Postulado de que não é possível não comunicar, pelo que a comunicação é a base de toda a interação - A comunicação reveste-se de um aspeto de conteúdo e de um aspeto de relação, sendo também circular; - Da comunicação dependem as relações entre os indivíduos nos vários patamares (pessoais, familiares, sociais, profissionais) - Os seres humanos comunicam digital e analogicamente (gestos e expressões faciais); - A interação comunicacional pode ser simétrica ou circular; | - As situações de ensino a distância proporcionadas pelas TIC na atualidade. Nesta situações, professor e aprendentes não se encontram em presença, mas o aspecto comunicativo reveste-se de crucial importância, devendo aqui o professor estar muito atento aos índices manifestos na comunicação estabelecida. - Nas situações de ensino presencial, entram em linha de conta, não só o que é trasmitido pela linguagem verbal , mas todos os aspectos que têm a ver com a expressão não verbal (postura, expressão facial, mímica, entre outros). Em qualquer uma das situações referidas há que ter em conta a estratégia comunicacional, elemento importante para a concretização da comunicação enquanto tal. |
Reflexão
É impossível não comunicar...
...É este princípio que orienta a Escola de Palo Alto. Diferentemente das teorias funcionalistas da comunicação e que se considera linearmente a existência de um emissor e de um recetor, esta escola considera que os indivíduos interferem no processo comunicativo, numa perspetiva relacional, a partir da qual estabelecem estratégias de relacionamento entre si, no seu quotidiano e com a sociedade em que se inserem. Neste processo interativo, cada indivíduo , em conjunto com os restantes, vai construindo o processo comunicativo - relacional que é entendido de acordo com Winkin, 1998, p.32, como “um processo social e permanente que integra múltiplos modos de comportamento”. Desta forma, o processo comunicativo constitui algo complexo e importante no âmbito das aprendizagens, pois defende-se que as aprendizagens se desenvolverão tanto com mais probabilidades de sucesso, quanto mais rica for a uma componente relacional e comunicativa dos sujeitos envolvidos (professores e alunos).
O interaccionismo simbólico defende que é a partir da relação em sociedade que os indivíduos estabelecem entre si que se constroem os significados que os conduzem às sua expectativas recíprocas face ao universo social em que se inserem. Esses significados e essas expectativas só se estabelecem por essa ação comum, de cariz coletivo que advém das interações entre os seres humanos em contextos sociais.
George Herbert Mead é considerado uma figura central do interaccionismo simbólico que neste autor tem a ver com os seguintes aspetos:
- A historicidade do indivíduo como autoconsciência, isto é, a anterioridade histórica da sociedade sobre a pessoa individual . 0 ponto de partida desta teoria considera que o indivíduo só se constitui em pessoa autoconsciente inserida numa sociedade que pré -existe em relação a ele;
- A hipótese do desenvolvimento do indivíduo autoconsciente a partir de uma matriz de relações sociais. O self e a psique, mesmo que tenham uma base biológica, são socialmente emergente, se desenvolvem-se graças a um processo social — a interação social. Neste processo, desempenha papel relevante a adoção de papéis e a internalização sócio cultural. Desde que nasce o indivíduo está inserido num grupo com particularidades histórico - sociais concretas: uma época, um lugar, uma classe social – e a sua formação da sua individualidade vai ser determinada por essas particularidades;
- O papel da linguagem na transformação do indivíduo biológico em organismo ou pessoa dotada de psique e self. Esta transformação deve-se "à intervenção da linguagem que, por sua vez, pressupõe a existência de uma certa sociedade e de certas capacidades fisiológicas dos organismos individuais" (Mead, 1982, p. 33).
A sociedade reveste-se cada vez de uma maior complexidade a vários níveis, pelo que importa pois, atentarmos nos novos paradigmas comunicacionais e organizacionais a fim de compreendermos e analisarmos o reflexo dos mesmos nos contextos educacionais.