Reflexão final - Auto avaliação + Trabalho final

O importante é não parar de questionar

- Albert Einstein -
O profissional de educação deve estar alerta para as questões que têm a ver com as relações interpessoais nos contextos escolares, sobretudo no que concerne a crianças e jovens. A sociedade em que vivemos é cada vez mais complexa, como cada vez mais complexa é também a convivência entre os indivíduos e, por conseguinte, as interações que se estabelecem entre si, nomeadamente as interações educacionais. Neste sentido, a unidade Curricular Ri – Aice trouxe-me um grande enriquecimento pelo interesse e importância das temáticas estudadas a par do aprofundamento e da reflexão efetuados relativamente aos temas chave que constituíram o corpus deste estudo.
A leitura inicial do Contrato de Aprendizagem da Unidade Curricular em questão permitiu-me, logo à partida, constatar o interesse dos temas que viriam a ser estudados. No entanto, aquando da sua aprovação fi-lo, com alguma reserva, relativamente ao ponto referente ao e-portefólio, pois não dominando a técnica de realização de um blog, fiquei deveras assustada. Já reconhecia as vantagens do portefólio enquanto instrumento importante para o desenvolvimento das aprendizagens, pois este consta nos programas de Português vigentes no ensino secundário. Reconhecendo – o como um instrumento fundamental indutor do pensamento reflexivo, neste caso, confesso que o que me assustou mesmo e de certa forma, me fez repudiar no início, foi o ter que fazê-lo sobre formato de blog, situação pela qual nunca passara anteriormente e que, sem dúvida me constrangeu.
Curiosamente, descobri as potencialidades do blog enquanto e --portefólio e, embora, reconheça ter ainda, neste momento, algumas dificuldades no manuseamento desta ferramenta informática, posso afirmar com alguma satisfação que fiquei muito motivada. Nesta linha, penso propor no Departamento que coordeno na escola (Línguas), no início do ano letivo, a realização de um blog por cada docente ou por nível, elaborado pelos vários docentes que o lecionam – ideia que neste momento está em amadurecimento.
Foi muito útil a leitura a obra de referência da Bibliografia recomendada nesta Unidade Curricular, Abordagem Sistémica do Conflito de Maria Emília Costa e Paula Matos, UAb , 2007, pois esta veio ao encontro de algumas lacunas que sentia no processo de compreensão das situações de conflito em contexto escolar -  entre alunos, entre professores e alunos, entre alunos e outros agentes educativos – e uma melhor compreensão e conhecimento dos pressupostos de qualquer fenómeno, sobretudo a nível educativo, constituem um passo significativo para a resolução e/ ou prevenção do mesmo.
De todas as temáticas abordadas, cuja importância de todas reconheço, o meu destaque vai particularmente para:
  - a temática do bullying, pois penso que é cada vez mais importante que os docentes estejam alerta e preparados para lidar com as situações de violência na escola que, infelizmente cada vez parecem proliferar mais nas nossas escolas e na sociedade em geral. E a propósito do trabalho realizado, destaco o trabalho de grupo (equipa C), no qual me deu um grande prazer participar e com o qual aprendi bastante. Considero que a equipa trabalhou em uníssono para o objetivo comum.


- a temática das comunidades virtuais de aprendizagem que achei bastante interessante e oportuna. E apesar de constituir o tema opcional da Unidade Curricular, no qual optei por participar, no sentido de colmatar alguma menor participação, sobretudo nos temas iniciais, acabei por efetuar pesquisas muito interessantes na internet, nomeadamente de estudos realizados sobre as relações interpessoais em comunidades virtuais de aprendizagem.
Penso que o meu interesse pelo tema é manifestamente recente e advém do facto de ter estado, durante este ano letivo em situação em situação de EAD, na qual se estabeleceram situações curiosas de relacionamento interpessoal entre os participantes, que pude constatar ou mesmo estar envolvida.

No trabalho final, abordei a questão da prevenção da indisciplina, pois esta constitui o maior passo para situações geradoras de conflitos graves e de violência no espaço escolar. Como tal, considero importante trabalhar as relações interpessoais a este nível, no sentido de termos uma escola onde o respeito mútuo impere, condição primordial para a realização de aprendizagens de sucesso.
Em jeitos de avaliação final desta unidade curricular, tenho a referir o muito que aprendi a partir de todo o trabalho realizado, leituras, pesquisas, participações na plataforma, interação com os colegas e com a docente responsável.
 Apenas sinto que, apesar do meu empenho e interesse, em certos momentos, gostaria de ter correspondido mais às solicitações, mas tal não me foi possível dado a falta de tempo, com a qual me defrontei muitas vezes, ao longo de todo o trabalho efetuado nesta unidade curricular e nas restantes, neste curso que é extremamente interessante e igualmente exigente, a par, também, de todas as exigências profissionais a que não podia deixar de responder.

No entanto, ficam caminhos percorridos e portas abertas para a continuação das leituras e do aprofundamento das temáticas abordadas, sempre na perspetiva reflexiva que deve caracterizar a prática docente e de que tenho a consciência de me ser inerente.






TRABALHO FINAL

Plano de intervenção para a promoção de uma cultura de convivência num contexto educativo específico


Índice





Índice…………………………………………………………………………….2
1. Sinopse  / palavras-chave……………………………………………………....3
2. Apresentação e justificação do projeto…………….……………………….......4
2. Metodologia.....………………………………………………………………..6
3. Atividades, recursos e calendarização …………………………………….........8
4. Avaliação……………………………………………………………………....9
5. Notas conclusivas..……………………………………………………………..9
Referências bibliográficas………………………………………………….............9
1. Sinopse
A chave para a resolução para a construção de relações positivas parece residir na capacidade dos adultos perceberem e responderem às necessidades sociais e emocionais dos mais jovens, oferecendo condições para o seu desenvolvimento psicológico como um todo modelando comportamentos e atitudes de forma consistente, e desenvolvendo regras e limites sólidos e coerentes que estruturem os seus comportamentos. (Costa e Matos, 2007, p.37)

O conflito constitui uma constante inerente aos seres humanos que pode ter sua origem a partir de vários níveis diferentes da dimensão humana, como referem Costa e Matos. Pode acontecer ao nível do indivíduo consigo mesmo, dimensão intra individual, na relação que estabelece com os outros, dimensão interpessoal, no grupo especificamente, dimensão intra grupo ou entre países ou culturas diferentes, dimensão internacional.
Tratando-se a escola de um universo de indivíduos, diversificado a vários níveis, tanto nos elementos que lhes são inerentes como dos próprios papéis que nela desempenham, esta torna-se palco de conflitos, sobretudo a nível interpessoal, não estando excluídas algumas das restantes dimensões referidas. Em contexto escolar, o conflito -  qualquer que seja a vertente na qual se manifeste, se não for adequadamente gerido e com vista a um aproveitamento construtivo -  é a semente da indisciplina.
No presente trabalho propomo-nos apresentar um projeto de gestão de conflitos no sentido da prevenção de situações de indisciplina a decorrer num ano letivo, numa escola secundária.
Esperamos, desta forma, envolver toda a comunidade escolar com vista à melhoria do relacionamento interpessoal e à promoção de uma cultura de convivência baseada no respeito por si próprio e pelos outros, na compreensão do outro, no saber ouvir e dialogar e conducente a um clima de trabalho harmonioso para os diferentes atores do processo educativo.

Palavras chave : conflito, indisciplina, convivência, prevenção, escola secundária, comunidade escolar.

3. Apresentação e justificação do projeto

O projeto de intervenção que passamos a apresentar aplica-se, numa escola secundária, situada em meio urbano e a todas as turmas do 10º ano, isto é a todos os alunos que chegam, pela primeira vez à escola. Por definição da rede escolar são atribuídas à escola em questão, dez turmas do 10 ºano, sendo 7 turmas dos cursos científico-humanísticos e turmas dos cursos profissionais.
Os alunos são provenientes de várias escolas básicas integradas em agrupamentos verticais que se situam no mesmo concelho, sendo a maior parte oriunda do agrupamento de escolas sito na freguesia da própria escola secundária. Devido à oferta formativa, integram ainda o leque dos recém chegados um número muito reduzido de alunos oriundos de escolas situadas fora do concelho.
Estes alunos têm ente 14 e 17 anos de idade e o nível socio - económico pode considerar-se médio, existindo uma pequena percentagem que pertence a um nível socio económico elevado e outra pequena percentagem que se situa num nível muito baixo.
Estando o lema do Projeto Educativo da escola assente em quatro palavras chave: iniciativa, rigor, disciplina e sucesso, as três primeiras funcionam como premissas essenciais para a última que se assume, assim, como meta fundamental que a escola se propõe atingir. Estando já em curso vários planos e estratégias visando a iniciativa e o rigor, neste momento é preocupação da escola e dos seus órgãos, conseguir resolver problemas de conflitos e de indisciplina, ainda que esta não se revista de contornos muito graves.
Como ponto de partida, aplicou-se um inquérito sobre esta temática passado a todos os elementos da comunidade escolar e cujo objetivo era: saber que noção têm professores, alunos, pais e funcionários sobre a indisciplina,  que situações lhe associam e como evitar ou atuar nesses casos.
Não sendo nosso objetivo debruçar-nos pormenorizadamente sobre o questionário aplicado, apenas selecionámos uma amostra que consideramos significativa, no âmbito do projeto que nos propomos desenvolver e que nos mostram algum grau de consciência que os atores envolvidos têm ou não da existência de situações de indisciplina na escola e do modo como, em suas opiniões, a mesma poderá ser resolvida ou minimizada. De referir ainda que o inquérito foi aplicado por amostragem tendo sido recebidos em qualquer um dos públicos alvo (professores, alunos, pais e funcionários) um número significativo, o que nos permite tirar algumas conclusões. Assim obtivemos algumas respostas[1] de professores , de alunos , de pais e de funcionários.
Perante a análise das respostas , procurámos empreender um projeto que envolva a comunidade escolar, considerando o pressuposto de que « as forças comportamentais que impedem a resolução do conflito derivam de atitudes mútuas destrutivas, o insulto, a agressão, o evitamento, como formas de exercer o poder e destruir o outro. Todos estes comportamentos, tendencialmente, funcionam como formas de alienação das partes e intensificam o conflito »  (Costa e Matos, 2007, p.30).
Assim, definimos como objetivos do projeto a desenvolver durante um ano letivo com os alunos do 10º ano:  
-          Promover o bom relacionamento entre os jovens (alunos) e os adultos (professores e funcionários) no ambiente relacional da escola ;
-          Disponibilizar aos professores e funcionários conhecimentos teórico-práticos  para uma intervenção eficaz na resolução de situações de conflito e de consequente indisciplina ;
-          Consciencializar os diversos intervenientes, nomeadamente alunos e pais para a importância do desenvolvimento de competências transversais a nível do relacionamento interpessoal ;
-          Melhorar a qualidade da convivência na escola.
Atribuimos ao projeto o título : Do conflito à convivência harmoniosa - um caminho a percorrer conjuntamente.

4. Metodologia
A operacionalização deste projeto bem como a sua avaliação estarão a cargo de um grupo formado por: 4 professores coordenadores dos departamentos, 2 representantes da Associação de pais, o professor coordenador dos Diretores de Turma, o professor coordenador dos cursos profissionais, a psicóloga do SPO, um representante dos funcionários e dois alunos do 12º ano, delegados de turma. Consideramos a  inclusão de alunos no grupo, dado que, relativamente aos discentes, se nos afigura fundamental a participação de pares, a sua consciencialização, os seus pontos de vista e as suas sugestões, no sentido de uma melhor compreensão por parte dos adultos dos fenómenos ocorridos com os jovens, com vista a uma mais eficaz resolução dos conflitos e à prevenção das potenciais situações de indisciplina. De igual modo, considerámos incluir os pais por estarmos completamente de acordo com as propostas de Costa e Matos (2007, p. 112) : « criar equipas de trabalho com membros da escola e da família, promover ações para o desenvolvimento de competências para a resolução de problemas em parceria, desenvolver competências de comunicação e de relação, identificar e abordar de forma sitémica conflitos e, finalmente apoiar a família ».
Esta equipa procederá, numa primeira fase, à elaboração dos questionários a serem aplicados a todos os professores e alunos, aos pais e ao Conselho de Turma enquanto órgão, no sentido de se identificarem as situações existentes e potenciais de conflito e/ou indisciplina e de se compreender qual a posição dos intervenientes face às mesmas.
Após aplicação e tratamento dos dados, a equipa procederá à dimamização de sessões de trabalho, por grupos e ao esclarecimento sobre as questões emergentes. Estas sessões, cuja preparação será acompanhada e ajustada pela equipa do Projeto, terão a intervenção direta da psicóloga do Serviço de Psicologia da Escola (SPO), podendo, pontualmente, contar com a intervenção de especialistas externos à escola, na qualidade de convidados.
Por último e através dos DTs das turmas sob a iminência ou declaração de conflito, com o permanente acompanhamento da equipa do projeto, serão elaborados planos de ação para a melhoria da convivência escolar, adequados às situações detetadas. Tentar-se-á em todas as fases de implementação do projeto que os pais colaborem ativamente, quer a nível dos representantes dos pais presentes na equipa,quer  a nível dos representantes de pais de todas as turmas do 10º ano envolvidas no projeto, pois acreditamos que «as famílias devem estar envolvidas nos processos de decisão, quer através da representação dos pais nos organismos da escola em que esta representação já está prevista, quer em grupos de trabalho criados para a resolução de problemas que visem a melhoria da escola. » (Barros et al., 2008, p.157).
No final do 2º período aplicar-se-á um novo questionário aos professores, pais e funcionários, o que nos permitirá uma  avaliação intermédia do projeto, bem como o feedback da implementação do mesmo (ponto de vista dos adultos) e o eventual reajuste de estratégias, se for o caso. No final do ano letivo, aplicaremos também aos alunos um novo questionário que nos permitirá inferir da evolução das competências sociais dos jovens, bem como avaliar o impacto do projeto (ponto de vista dos alunos).
No final do ano letivo, após o tratamento dos dados do último questionário aplicado, será elaborado um relatório circunstanciado.

5. Atividades , recursos e calendarização


Objetivos
gerais
      Atividades
Objetivos específicos
      Recursos
Calendarização


Os enunciados
 na
Página 6

1ª reunião alargada da equipa, após formação da mesma
Apresentar o projeto.
Recolher pareceres e sugestões dos vários elementos
Os intervenientes na equipa
Após o início das atividades lectivas- Até fim de setembro 2011
Elaboração e aplicação dos questionários
Verificar qual a perceção dos vários elementos têm relativamente à existência de conflitos e indisciplina dentro da escola e suas opiniões sobre o assunto
Equipa do projeto
Pais, professores , alunos e funcionários.
C.Turma
Até 20 de outubro de 2011
Planificação das atividades a realizar e determinação do âmbito de realização (turma, grupo, professores, alunos, pais…)
Sensibilizar para as questões relacionadas com o conflito e com a indisciplina
Equipa do projeto
Pais, professores, alunos e funcionários
Diretores de Turma
Entre 20 e 25 de outubro
Realização nos diversos níveis das atividades previstas .Estas assentarão em  dinâmicas de sala a nível dos alunos, de acordo co os problemas inventariados, e em sessões de formação a nível dos adultos (professores e funcionários por um lados e pais por outro)
Consciencializar sobre a temática da indisciplina e sobre a importância de uma convivência harmoniosa

Equipa de projeto
Pais, professores, alunos, funcionários
Diretores de turma
Psicóloga do SPO
Especialistas externos
De 26 de outubro até final do 2º período
Elaboração e aplicação dos questionários para os docentes, pais e funcionários
Avaliar o trabalho desenvolvido até ao momento
Reajustar estratégias (eventualmente)
Equipa de Projeto
Pais, professores e funcionários
1ª semana do 3º período
Elaboração do questionário a aplicar aos alunos
Avaliar o impacto do projeto do ponto de vista dos alunos
Equipa de projeto
Alunos
Penúltima semana de maio 2011
Festa convívio do 10º ano
Verificação/Avaliação do desenvolvimento das competências sociais dos alunos
Todos os intervenientes
Última sexta feira de maio 2011
Elaboração do relatório e balanço do projeto
Avaliar o projeto
Equipa de Projeto/C.Pedagógic
Final do ano letivo
Disponibilização de toda a informação sobre o projeto na página Web da escola
Divulgar todo o trabalho realizado no âmbito do projeto
Equipa de Projeto
Final do ano letivo


São expectativas nossas que todo o projeto, tal como está concebido , venha a contribuir, de facto, para uma melhoria das situções de conflito que conduzem à  indisciplina e, consequentemente para um amelhor convivência entre adultos e jovens em ambiente escolar.
6. Avaliação
A equipa de projeto acompanhará a par e passo, todas as atividades a desenvolver, sempre numa perspetiva reflexiva e crítica, procedendo a reajustes caso se verifiquem necessários.
Esta equipa produzirá ainda os instrumentos de avaliação (relatórios mencionados e algumas grelhas de avaliação das atividades que venham a ser realizadas no âmbito da especificidade das turmas, procedrá ao tratamentos dos dados respetivos, elaborando o relatório final e apresentando os resultados no Conselho Pedagógico.
 7. Notas conclusivas
Segundo Costa e Matos (2007, p.117) « o desenvolvimento social e emocional dos alunos não deverá ser encarado apenas como um meio para atingir resultados académicos, mas como um afinalidade em si mesma que obriga a que a escola tome como uma das suas prioridades a inclusão transversal nas disciplinas de oportunidade que promovam o aprender a viver em conjunto com os outros »
Por estarmos de acordo com esta premissa julgamos essencial a promoção do convívio relacional entre jovens e adultos em contexto escolar, pois apenas desta forma se conseguirá que estes se tornem em cidadãos capazes de perceber  « a perspetiva do outro e questionando a sua própria » (Costa e Matos, 2007, p.117)
Referências bibliográficas
Barros, L. et al. (2008), Educar com sucesso, Epis, Texto Editora
Costa, M. E., Matos, P.M. (2007), Abordagem sistémica do conflito, Liboa, UAB
Jares, X. (2006), Pedagogia de la convivência, Barcelona: Graó.
Veiga, F. (2007), Indisciplina e violência na escola: praticas comunicacionais para professores e pais, Coimbra: Almedina
Projeto Educativo da escola Secundária de Santo André, 2008



[1] In PEE da Escola Secundária de Santo André, 2008/2011